Wabi sabi é uma forma de beleza que se desenvolveu no Japão...
Não, essas palavras realmente não definem wabi sabi. Eu mesmo não estou certo de que consegui captar o verdadeiro sentido dessa expressão de tradução improvável. Falam por aí que wabi sabi é algo como apreciar o detalhe insignificante, ou contemplar a ação desagregadora do tempo sobre a matéria. Então, Manoel de Barros é inequivocamente wabi sabi. Antoni Tapies também. Musgo em casca de árvore é. Certas frases de Guimarães Rosa são puro wabi sabi, não só os hai kais orientais. essa imperfeição no definir é outro exemplo de wabi sabi, que estabelece mais um espírito, um estilo, uma atmosfera, do que um padrão estético. Somos devedores dos gregos, que nos ensinaram a classificar e ordenar todas as coisas. Mas o Japão, que está entre nós há décadas já, confronta essa presunção de rotuladores com um modo de ver e produzir arte que está há léguas de distância do modo ocidental. Em música, seria uma linha improvisada displiscentemente, sem medo de errar, nem de guardar longos silêncios entre os ataques. Em culinária, seria a liberdade de testar novas combinações a cada jantar, com a possibilidade de os convidados acrescentarem algo único a seus pratos.
Imperfeito, incompleto, impermanente.
Algo com jeito de ter sofrido uns bons anos sob sol e chuva, como pátina de estátuas de bronze em praças públicas. Ou os vincos na face anciã.