A moça mentalmente transtornada. O menino que vende halls. O homem velho que viaja em pé. O motorista que sonha ser Michael Schumacher. Os estudantes brincalhões. O jovem que se dispõe a carregar sua mochila. O cara que oferece seu lugar à menina bonita. A menina bonita. O cobrador falastrão. O carona, o corredor sem espaço, o braço estendido.
Os olhares os olhares os olhares. Os cheiros todos: suor, colônia, flatulências. As curvas bruscas. Os fones de ouvido. O medo antecipado daquele declive. A proximidade indesejada. Os que falam alto ao celular. Os que lêem livros. Os que jogam videogame. Os que dormem. Os que se espalham.
As telas embaçadas em manhã chuvosa. Marcas de dedos, desenhos, gotas alongadas. No limite de suas molduras, os carros, as faixas, os horizontes. Rostos desconhecidos sempre iguais.