terça-feira, 3 de maio de 2011

silmarillion


Estou lendo o Silmarillion, de Tolkien. Ainda que meus olhos e meu coração por vezes se recusem a seguir a malha intricada de nomes, genealogias e eventos, não consigo abandonar a leitura nos momentos em que o velho  escritor apresenta os personagens, com tamanha riqueza!, e naquele estilo tão familiar aos leitores de sagas míticas como o ciclos de Arthur, ou Sigurd, ou Moisés. Enquanto n'O Senhor dos Anéis impera a variedade estilística, com poemas líricos, passagens épicas e narrativas, o Silmarillion é muito mais contido, diria até mais depurado. Parece um livro de Heródoto, ou Flávio Josefo, enfim, um compêndio histórico que lança dezenas de narrativas encadeadas, oferecendo um panorama do mundo mitológico criado por Tolkien. A edição preparada por Christopher Tolkien, que é a em que se baseia a tradução brasileira, conta toda a história, indo inclusive recapitular os eventos cruciais da terceira era, contados na trilogia tão conhecida e amada.

As narrativas dos inícios, Ainulindalë, estão entre as páginas mais belas que já li :

Havia Eru, o Único, que em Arda é chamado de Ilúvatar. Ele criou primeiro os Ainur, os Sagrados, gerados por seu pensamento, e eles lhe faziam companhia antes que tudo o mais fosse criado. E ele lhes falou, propondo-lhes temas musicais; e eles cantaram em sua presença, e ele se alegrou. Entretanto, durante muito tempo, eles cantaram cada um sozinho ou apenas alguns juntos, enquanto os outros escutavam; pois cada um compreendia apenas aquela parte da mente de Ilúvatar da qual havia brotado e evoluía devagar na compreensão de seus irmãos. Não obstante, de tanto escutar, chegaram a uma compreensão mais profunda, tornando-se mais conscientes e harmoniosos.
E aconteceu de Ilúvatar reunir todos os Ainur e lhes indicar um tema poderoso, desdobrando diante de seus olhos imagens ainda mais grandiosas e esplêndidas do que havia revelado até então; e a glória  de seu início e o esplendor de seu final tanto abismaram os Ainur, que eles se curvaram diante de Ilúvatar e emudeceram.

E por aí vai...

[Observação: percebi que ler o livro com a internet aberta, buscando no Google as imagens já produzidas para ilustrá-lo, intensifica maravilhosamente a experiência!]



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