Quando a perplexidade de Saul deu lugar a qualquer coisa semelhante à reverência pela presença de espírito do moleque Davi, ele o vestiu com suas armas. Espada, armadura, couraça, capacete. Mas Davi simplesmente não podia andar com aquilo, pois era-lhe desconfortável, uma vez que nunca usara tais apetrechos. E Davi se despiu da espada, da armadura, da couraça, do capacete. Foi em frente, ao encontro do gigante, portando o cajado de pastor e uma funda improvisada com o alforje e cinco pedras lisas de rio. O que houve então você já sabe.
Davi não se valeu das forças de outro homem quando seguiu em direção ao seu destino. É verdade que cinco pedras de rio não se comparam à espada como aparato bélico. Mas a lógica do menino que já havia derrotado - à unha - o leão e o urso não se submetia à ciência militar. A certeza de que o Senhor dos Exércitos lhe daria, no momento certo, a forma adequada, era suficiente para ele. Sem estratégias, sem treinamento prévio, sem jeitão de guerreiro, sem formatação de seus pensamentos: espada, armadura, couraça, capacete. Ao invés, colheu pedras de rio, vulgares, desgastadas ao ponto de se tornarem lisas, seixos trabalhados com paciência, descansados na fluidez da águas.
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